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5 de Maio, 2014Faleceu a primeira Ortoptista Portuguesa
23 de Julho, 2014Luciana é uma menina de quatro anos de idade com hipermetropia e estrabismo convergente do olho direito.
Tem de usar um penso oclusivo no olho todos os dias, inclusive na escola. "Ela ultrapassou o medo e compreendeu que era a única forma de recuperar a visão a três dimensões”, revela a mãe Susana Oliveira. “A Luciana até gostava de escolher os pensos porque são bastantes coloridos. Ainda por cima, na escola havia uma criança a fazer tratamento o que facilitou a integração com os colegas”, remata a progenitora.
Esta é uma história de sucesso no tratamento deste tipo de tratamentos de visão, mas nem todas são assim. “Muitas crianças rejeitam ou encaram negativamente este tipo de tratamento por se sentirem diferentes”, admite Carla Lança, professora da área científica de Ortóptica, na Escola Superior de Tecnologia e da Saúde de Lisboa (ESTeSL). "A visão constitui um meio de comunicação com elevado significado social: cerca de 90 por cento do que captamos é através dos olhos", frisa.
No entanto, parte da população mundial sofre de problemas de visão, sendo que, desses, 43 por cento têm erros de refração que podem ser facilmente compensados através da utilização de óculos. "Um olho é como uma máquina fotográfica. Quando existe um erro de refração as imagens ficam desfocadas e pode dar-se a hipermetropia". Nas crianças, a correção faz-se através de óculos "o mais precocemente possível", alerta Carla Lança, caso contrário, "o olho deixa de ser utilizado (olho preguiçoso) e o cérebro não desenvolve corretamente a visão, podendo, em alguns casos, desencadear estrabismo e por conseguinte ambliopia".
Segundo a investigadora, "em Portugal, ambas as doenças afetam cerca de 300 mil pessoas. Cerca de dois e meio por cento das crianças são amblíopes, e entre um e quatro por cento sofrem de estrabismo".
São assim milhares aqueles que, diariamente, se sentem diferentes. Como intuito de quebrar alguns destes tabus é lançado, esta segunda-feira, 2 de junho (Dia Mundial da Ortóptica), o livro "As Aventuras da Margarida e do Penso Mágico".
Carla Lança, co-autora, revela que a obra "pretende ajudar crianças com problemas visuais a ultrapassar barreiras na auto-estima e a sentirem-se bem com elas próprias". O livro conta a história de Margarida, uma menina de seis anos, que usa (a princípio contrariada) um penso oclusor para tratar do "olho preguiçoso". Uma noite, pede um desejo (conhecer alguém como ela) ao penso mágico e que se concretiza.
É assim que conhece o João e descobre que, afinal, há mais meninos como ela. "No fundo, queremos dizer a cada leitor e respetivos pais que estes problemas visuais afetam muita gente e que isso não é o fim do mundo. Com o tratamento adequado é possível resolver a deficiência e a criança levar uma vida normal".
Para isso, deixa alguns conselhos: "as crianças com ambliopia e/ou estrabismo devem usar os óculos sempre, em casa, a brincar ou na praia; o penso oclusivo tem que ser colocado nas horas em que a criança está a fazer mais atividades de fixação, diretamente na cara e com os óculos por cima; e quando existe um estrabismo convergente é de evitar os telemóveis e jogos de consola, pois estas atividades com ecrãs pequenos podem aumentar o desvio".
O livro tem ilustrações de Alexandra Matos e é também da autoria de Helena Serra e Marta Costa, tendo o apoio institucional da Hemicare, empresa na área da saúde que disponibiliza pensos oclusores coloridos e com diversos padrões infantis. “Queremos que o tratamento se torne mais divertido e assim ajudar a criança a ultrapassar o preconceito”, declara Patrícia Matos.
“As Aventuras da Margarida e do Penso Mágico” está disponível no site www.storybook.pt pelo preço de €10.
Para mais informações [email protected].